terça-feira, 28 de dezembro de 2010

...2010...2011...

Então daqui há poucos dias esses ano vai acabar. E desde o começo deste mês começa na cabeça da gente uma espécie de retrospectiva. Começamos a pensar em tudo o que aconteceu, em tudo que fizemos ou deixamos de fazer, e começamos a planejar o próximo ano.
Sento em frente ao computador com vontade de escrever sobre esse ano. Foi realmente um ano incrível, tantas coisas aconteceram! Ao mesmo tempo em que parece que ele passou num piscar de olhos, toda uma infinidade de coisas aconteceu. Tantas coisas que fica difícil colocar em palavras.
Esse foi um ano de términos. Acabei a faculdade, acabei algumas amizades, outras coisas se acabaram....
Esse foi um ano de começos. Começei a trabalhar como psicóloga, começei novas amizades, outras coisas começaram...
Esse foi um ano de experimentar coisas novas. Fui a lugares que nunca tinha ido, trabalhei com coisas que achei que não saberia, andei de trem... rsrsrs
Esse foi um ano para compartilhar meus escritos. Apresentei minha monografia, criei este blog...
Este foi um ano de choro, mas também de muitíssimas risadas.
Foi um ano para rodar, e de tanto rodar, sair girando pelo mundo!
Enfim, foi um ano repleto de cores, sons, palavras, gestos, afetos...
Acima de tudo, quero agradeçer aos que estiveram presentes nesse ano, que puderam compartilhar comigo destes momentos, que puderam criar comigo estes momentos.
Quanto aos planos e desejos para o ano que vem, são muitos, variados e mais ainda difícieis de escrever...
Talvez 2011 seja como esse bebê na foto...

... ainda espiando de dentro do ovo, esperando para nascer, só uma promessa de tudo o que pode ser.

Para 2011...


Receita de Ano Novo
 
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ver,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra
birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta ou recebe mensagens? passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade



Amor Pra Recomeçar 

Composição: Frejat/Mauricio Barros/Mauro Sta. Cecília

 
Eu te desejo
Não parar tão cedo
Pois toda idade tem
Prazer e medo...

E com os que erram
Feio e bastante
Que você consiga
Ser tolerante...

Quando você ficar triste
Que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra
Que rir é bom
Mas que rir de tudo
É desespero...

Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar...

Eu te desejo muitos amigos
Mas que em um
Você possa confiar
E que tenha até
Inimigos
Prá você não deixar
De duvidar...

Quando você ficar triste
Que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra
Que rir é bom
Mas que rir de tudo
É desespero...

Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar...

Eu desejo!
Que você ganhe dinheiro
Pois é preciso
Viver também
E que você diga a ele
Pelo menos uma vez
Quem é mesmo
O dono de quem...

Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar...

Eu desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar
Prá recomeçar...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Quando bolinhas tornam-se agulhas


    
    Ele jogava sozinho. No meio da mesa de ping-pong havia uma placa de madeira. Como é ambidestro, o ritmo do jogo torna-se muito rápido, bate com uma mão e rebate com a outra...  Mas já não é mais o jogo com a placa de madeira, agora tem um jogador do outro lado. Não é mais o jogador solitário e ambidestro, mas há outro jogador, que não sabe jogar com uma raquete em cada uma das mãos.
    Não é propriamente um jogo de ping-pong, trata-se mais de um vai e vem da bolinha, que cruza o ar. Não tem regras, não há competição, busca por pontos ou vencedores. A bola vai e vem, ganha um ritmo, uma velocidade, que não é nem acelerada e nem lenta demais. Também se produz um som, que acompanha esse ritmo. Mas a bola também não precisa voar pelo ar, ela pode correr pela mesa ao encontro das raquetes, aí o ritmo se faz outro, o som também muda, mas o que não muda é o vai e vem que liga um jogador ao outro, no encontro das raquetes com a bola.
    Esse movimento pode parecer totalmente sem propósito, afinal não se tem um objetivo estabelecido. Se o que está em jogo não é ganhar, então o que é? De que se trata ficar ali, por horas buscando acertar aquela bolinha? Ele diz “bom, muito bom, você está acertando mais”, mas o que estou acertando? Quando é que acerto? Não há uma resposta para essa pergunta, pelo menos não uma que eu consiga entender, mas tenho a sensação de que não é importante entender.
    É nesse vai e vem, enquanto a bola rola na mesa ou no ar que vamos começando a falar, que posso puxar um assunto, ouvir o que ele tem a dizer. Falamos de trabalho, de não gostar de prédios, da beleza do dia, de muitas coisas...
Nesse vai e vem começo a me sentir meio costureira, tecendo com as linhas produzidas pelo traçado da bolinha uma rede, rede que é vínculo, que é contato. Sinto-me também criando um mapa, esses mesmos traços criados pelo movimento das bolinhas e da mistura que esse movimento faz com as nossas vozes vão dando contorno a um cenário, a paisagem de uma vida.
    As linhas que a bolinha traça não são visíveis, mas elas saltam com as sensações, que ali, no encontro com aquela casa, com aquelas pessoas, são muitas. Essas linhas também não têm um trajeto definido, às vezes, de repente, fazem curvas inesperadas, vão em direções que não pretendíamos quando batemos nela com a raquete. Erram o alvo, mas fazem aparecer falas, dicas, o contato entre os que jogam.
    Do que se trata, afinal esse jogo? Seria mesmo um jogo? Talvez se trate de uma estratégia. Uma maneira de ver que há um outro, de estar com ele, de compartilhar com ele, de poder ouvi-lo ou apenas durar com ele no silêncio das vozes (ainda que haja o som do próprio encontro, que é a bolinha encontrando a raquete, ou a mesa). É um estar junto, criando uma parceria, uma relação. É um modo de não precisar mais fazer todas as coisas sozinho só porque parece que ali cada um teria que dar conta de si.  É perceber a presença do outro e fazer-se presente perante o outro.
    No vai e vem da bolinha, no traçado dela pela mesa, o que se traça é uma estratégia de vida. Um modo de criar possibilidades para que essa vida se sustente, para que essa vida seja viva.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Um pouco mais de Clarice...


"Eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter minha liberdade."


"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador."

"Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando... "
Clarice Lispector

Tomo a liberdade de usar essas palavras, belas palavras, para tentar traduzir o que é o exercício da escrita para mim.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Flores e amizades insuspeitadas


Ando me surpreendendo com minhas mais recentes amizades. O que há de tão surpreendente? Não sei. Talvez seja o inesperado. Não podia esperar que as faria. Por quê? Porque elas nasceram sem que eu percebesse que as estava gerando. Como assim? Sempre tive a idéia de que é preciso cultivar as amizades. De que elas são como flores que precisam ter suas sementes plantadas, regadas até que brotem. O que venho descobrindo é que podemos fazer isso sem nem mesmo perceber. E que essas flores nascem em lugares que nem esperávamos. De onde vêm essas amizades? De dividir as horas de uma tarde durante a supervisão? De compartilhar uma mesma afinidade teórica? De fazer análise com a mesma terapeuta? De ter o mesmo estilo de trabalho? De tudo isso junto ou de nada isso? Não sei... Só percebo que aquela moça que esteve desde o começo na mesma turma da faculdade, que até tinha amigas em comum comigo, mas sempre foi apenas uma colega, agora se tornou outra coisa, rimos juntas, sabendo que também há espaço pro choro se preciso. A menina bonita que eu vejo passar, mas que não sei nem o nome, de repente se chega, tem um jeito doce, que cativa, e quando a gente percebe não quer mais que ela se afaste, sente falta da presença dela em outros lugares, fica “guardando sua vaga”. A magrinha, que sempre chora quando vai falar na supervisão, que parece ter um estilo diferente do meu, mas acaba virando parceira de trabalho, companheira dos afetos (seja nas angústias ou nos bons encontros), de criação. Essas flores são apenas exemplos... Há outros tantos, que pareciam distantes, diferentes de mim, mas que hoje fazem parte do meu trabalho, da minha escrita, da minha vida. A gente às vezes tenta controlar tanto as coisas que já de antemão faz uma lista decidindo as características de quem pode ser nosso amigo. Estabelecemos critérios como verdades absolutas e quem não se encaixa, não serve! Acabamos nos esquecendo da beleza que são flores nascendo em terra seca, ou na beira de uma estrada, em meio ao concreto. Esquecemos que do inesperado sempre vem maravilhas. Nunca suspeitei que faria amizade com algumas pessoas, que gostaria de tê-las fazendo parte de minha vida. Viver isso tem sido fantástico: um jardim florido e colorido, que não sabia que estava plantando, mas que ficarei imensamente feliz de cuidar!

domingo, 7 de novembro de 2010

O trem e a roda


Hoje andei de trem pela primeira vez! Foi uma experiência muito interessante, um pouco como quando se é criança, sabe? Há uma intensidade diferente até mesmo nos pequenos acontecimentos. Não é só um outro meio de transporte, até a nossa percepção é convocada de outra maneira, os sons são diferentes, a velocidade, a paisagem. Gente, e a movimentação dentro do trem? Vende-se de tudo, desde bala até dvd do pastor alguma coisa, o ex-diabo loiro (rsrsrs)!!! Adorei andar de trem!
Na verdade, hoje usei praticamente todos os meios de transportes terrestres possíveis: andei de ônibus, trem, carro, metrô e van! Pra que isso tudo? Para ir de Niterói até Campo Grande. Olha, é realmente uma viagem. Admiro as pessoas que precisam fazer esse trajeto todos os dias. 
O que eu fui fazer em Campo Grande? Supervisão. Encontrar minha roda de supervisão, o GIRA. Engraçado, pois roda combina muito bem com todo esse papo, né? Pois é, a roda me pôs em movimento. Me fez começar a conhecer o Rio, a experimentar outras formas de me locomover. Nesse percurso experimentei várias linhas que cruzam por esse território, as do ônibus, do trem, do metrô; tive que fazer conexões entre esses trasnportes diferentes, traçando um percurso, uma trajetória para chegar onde pretendia...
Não fiz isso sozinha, uma amiga me acompanhou. Compartilhamos o nosso desconhecimento do caminho, de como era andar de trem no Rio e de metrô em qualquer lugar. E chegando em nosso destino também pudemos ouvir como tinha sido o percurso que as outras pessoas traçaram para estarem ali.
Durante a supervisão fizemos o mesmo. Compartilhamos nossos afetos, nossas dúvidas, nossos planos, nosso delicioso lanche. Percorremos as linhas de vários territórios, traçando um mapa, que vai se fazendo a partir da nossa experimentação, da nossa vivência e que compoe um território comum, que ao mesmo tempo que estamos vivendo, estamos construindo.
Hoje fiz uma viagem. Uma viagem não apenas geográfica, mas uma viagem afetiva, intensiva. E foi incrível!!!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

E o que não se esquece?

Acabo de ler no blog de uma amiga um texto intitulado "Passa, tudo passa!", onde ela diz que tudo passa até mesmo os sentimentos, os amores que tivemos. Engraçado é que antes disso estava conversando com outra amiga justamente sobre pessoas de quem continuamos a nos lembrar, com quem continuamos a sonhar mesmo quando já não há mais motivos para isso, quando estamos bem com outra pessoa, quando já não há espaço na nossa vida para certo sentimento. Mas será que isso tudo é suficiente para fazer o sentimento passar? Tenho a impressão de que (talvez infelizmente) não. Por mais que nos esforcemos, que relutemos em admitir, que nos recusemos a aceitar, de vez em quando lá estamos nós: sonhando com aquele rosto já meio apagado da lembrança, mas que ainda conserva os traços essenciais, ou ainda, sentimos um perfume, ouvimos uma música, sei lá mais o que... E aí nessas horas o sentimento já mais do que passado, volta. Umas vezes de maneira suave, outras parece um vulcão que explode no peito, só para lembrar que continua ali. Talvez o que passe seja o que nós éramos quando o tal sentimento aconteceu da primeira vez. A gente muda sim, a cada dia, cada instante... Mas acredito que sempre guardamos um pouco conosco desses sentimentos que foram fortes, que tiveram grande intensidade. Eles nos marcam de alguma forma, se juntam a outras coisas para nos fazer a cada dia. As relações acabam, os amores e paixões não duram para sempre, mas certa intensidade permanece em nós, nos compondo, nos fazendo... Sendo assim, tudo passa, algo sempre fica (paradoxal, né?). Num primeiro momento talvez isso pareça ruim, mas talvez não seja assim. Depois que a dor, a saudade, a incompreenção, e outros sentimentos se amenizam, o que fique talvez seja a lembrança de um olhar, que traz consigo um doce frescor.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pequenos pensamentos...


Na verdade, esse post é apenas um pedaço de pensamento...
Estava pensando sobre o que escrevi no último post, sobre o tema do equilíbrio.
Que equilíbrio é esse que tanto procuramos? Que sentidos isso pode abrigar...
Fiquei pensando que de saída quando penso em equilíbrio a primeira imagem que me vem à cabeça é de uma balança que fica imóvel, com seus dois lados totalmente nivelados.
Mas hoje enquanto pensava a imagem que apareceu foi a de um equilibrista de circo, que anda na corda bamba.
Ele tem que se equilibrar para não cair, mas ele faz isso em movimento, com cautela sim, mas ele não para. Talvez seja justamente o fato dele andar que o ajude a ficar equilibrado, ainda que ele se balançe, que de vez em quando pareça prestes a cair.
Equilibrio não precisa ser imobilidade, o desassossego também é parte dele.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Comer Rezar Amar




Hoje fui assistir ao filme " Comer Rezar Amar". Saí do filme me perguntando se o que acontece é que a gente enxerga nas coisas tudo o que tem haver com o momento em que estamos vivendo ou se o filme realmente diz tudo o que ouvi ele dizer. No final das contas, acho que a resposta a essa pergunta não interessa muito, mas sim o que pude aproveitar do que falou comigo.
O filme começa com a protagonista conhecendo um xamã em Bali durante uma viagem. O xamã diz várias coisas para ela, fala de várias mudanças. E aí ela volta para casa e as coisas começam a aconter. Mas as coisas acontecem porque iam acontecer de qualquer jeito, ou porque ela começa fazer tudo pensando no que havia ouvido do xamã? Bem, essa é outra pergunta para a qual não cheguei a uma conclusão, e o importante seja por qual motivo for as coisas começam a acontecer. Mais do que isso, ela começa a fazer as coisas acontecerem. Não é fácil, ela sofre pra caramba, mas ela escolhe agir, mudar, encarar as transformações...
Em sua busca por Deus, por paz, por equilíbrio, ou seja lá o que fosse, Liz (a protagonista) traz a tona em vários momentos a questão da constante transformação da vida, desse nosso medo do caos. Desse nosso medo de que nossa vida seja um caos, o que nos impede de ver que a vida é caos, movimento, transformação. O equilíbrio como um objetivo a ser alcançado aparece na busca de Liz. Mas que equilíbrio é esse? Alcançar o equilíbrio é não mais se movimentar?
Tantas coisas chamaram minha atenção no filme, tantos detalhes que fica difícil falar... Talvez tenha ficado com mais perguntas do que respostas, mas acho que isso não é ruim não.
Liz viaja e nos leva junto em sua viagem. Primeiro em Roma, se apaixonando pela língua, pela comida, pela vida... Na Índia, num país que parece totalmente caótico à primeira vista, um lugar onde se busca a paz, rm que o convite é se abrir para Deus, para o mundo, para o outro, tornando possível se aproximar de si mesmo.. Em Bali, onde a história havia começado, porque o xamã disse que ela voltaria, ela volta. Aprende com o xamã, o ajuda, se reaproxima do amor, foge dele... 
O que a gente faz quando acredita que conquistou o que queria, mas quer algo mais que pode não estar se encaixando exatamente onde deveria para que tudo fique equibrado?
Novamente volto às perguntas: o que queremos? o que temos feito para conseguirmos isso? o quanto estamos abertos às transformações? o quanto nos agarramos ( mesmo que infelizes) a algo só por medo de soltar e simplesmente não estarmos mais presos? o quanto estamos abertos para experimentar?
Enfim, só posso dizer que recomendo o filme. Dá pra rir, pra chorar, pra pensar, pra sonhar (as praias de Bali são incríveis!). Talvez alguem veja e nada disso ocorra a essa pessoa e aí ela pode se lembrar da minha dúvida inicial: é o momento que me fez ver tudo isso ou o filme diz isso pra todos? Bem, ainda que ele não diga a mesma coisa pra todos, tenho certeza que algo ele vai dizer. E eu ficaria feliz se fosse escolhida pra compartilhar com qualquer um o que foi que ele falou...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Formatura

Então, a formatura...
Pode-se dizer que ainda não me formei de verdade, ainda não tive a colação de grau "pra valer", mas aquela toda bonita, em que a gente faz tudo lindinho, chora, ri, se diverte, se cansa... essa já rolou.
Mas será que mesmo tendo depois de ter as duas vou me formar?
O que é se formar?
agora, depois que "acabei" "tudo", vai saber o que é acabar e o que é tudo, mas enfim...
Agora é que me sinto aproveitando tantas coisas que desde o começo da faculdade estavam lá.
Os grupos de estudos, as supervisões, os cursos de extensão...
Apresentar a monografia, que seria um encerramento, deixou um gosto de "fale mais" e um vontade imensa de falar mais.
E eu, que nunca gostei dessas "coisas acadêmicas", fui pega por esse bichinho e já ando pensando no mestrado e coisa e tal.
Talvez essa sensação de estar aproveitando mais agora seja para eu ter uma desculpa para eu não ir embora, ou quem sabe, a UFF tenha me formado mesmo,  essa nossa formação que nos torna inquietos, questionadores, pensadores, com vontade de estar sempre aprendendo, experimentando mais...
Se perguntar pra minha mãe ela vai dizer que eu já estou formada, já até colocou as fotos nos porta-retratos pra todo mundo ver.
Eu, enquanto isso, prefiro continuar acreditando que foi só um pedaço do percurso, que vou continar todo dia me formando um pouco mais pra no instante seguinte perder um pouco dessa forma e poder formar outra forma de mim mesma...


terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Que Será (À Flor da Pele)



Chico Buarque
Voz: Jerônimo Menezes
Piano: Cadu Costa
CD Rearmonizações - Venda Proibida

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta os olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz implorar
O que não tem medida nem nunca terá
O que não tem remédio nem nunca terá
O que não tem receita...

O que será que será,
Que dá dentro da gente que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente, que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso nem nunca terá
O que não tem cansaço nem nunca terá,
O que não tem limite...

O que será que me dá,
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os tremores me vêm agitar
E todos os suores me vêm encharcar
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz suplicar
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem governo nem nunca terá,
O que não tem juízo...

sábado, 31 de julho de 2010

Camila...por Ana Paula

Esse texto foi escrito por uma amiga que adoro...



Lembro do primeiro dia que a vi. Uma menina tímida, toda de branco, que sentou na fila da esquerda, encostada na parede, do Nosso Colégio. Assim, ali, ela mal sabia que acabara de se tornar mais uma eterna margarida. E eu, mal sabia que acabara de conhecer a amiga mais misteriosa e enigmática de todas. Nossa Suiça - ela é tão neutra que conhecê-la torna-se um desafio.
Fiel às suas convicções e firme em suas posições, às vezes ela me deixa irritada com sua dificuldade em mudar de idéia. Tá... Tudo bem... Nada que um de seus sorrisos - e que sorriso - não apague!! Reflexo de uma mulher decidida, forte e determinada a conquistar seus sonhos.
Há os que dizem que ela possui um coração de pedra. eu não compartilho. Seu coração é tão sensível quanto uma bonequinha de porcelana, e tão fechado quanto uma ostra. Puro truque, proteção. Quem consegue abrir achará uma grande recompensa: Uma Pérola brilhante e valiosa.
Outros dizem que ela tem uma alma de poeta. Também não concordo. Camila é uma Poesia. E das mais bonitas. Você lê uma, duas, três vezes... e após anos e anos lendo você não se cansa de achar novas interpretações.
Camila não chora com romances nem se comove facilmente. Mas atrás dos muros de seu castelo ela ainda aguarda seu príncipe encantado. Camila... é "simples" assim. Romântica... e contraditória. Não dá declarações de amor e nem sai distribuindo carinhos por aí. Não me faz falta, porque, de fato, não há falta alguma. Eles estão lá, explícitos nas entrelinhas... Já o meu amor não pede licença nem disfarces, é mal educado mesmo: TE AMO, AMIGA!!!!!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Saudades



Numa viagem de carro, uma viagem ao passado...
Sabe quando se é pequeno e as coisas ao redor parecem tão grandes e bonitas, mas aí se cresce e passamos a vê-las menores, ou do tamanho que são?
Numa viagem para visitar parentes, o encontro com lembranças da infância...
Tudo de certa forma é igual e estranho. Os móveis não mudaram muito, a cidade sofreu algumas mudanças, as pessoas envelheceram, mas tudo tem um jeito de despertar a memória. O passeio pelo mercado no domingo: tem que comprar chuvisco e polvilho! Já se andou por aquela rua, já se viu aquela praça.
E olhando as feições de alguém se reconhece traços de outra pessoa. Um olhar, um sorriso, o jeito de rir...
Não se sabia que um lugar podia carregar tanta lembrança de alguém que nem morou ali, que também só esteve ali de passagem. Mas estiveram ali juntos.
Sabia que dá para sentir saudade olhando um desconhecido na rua?
Basta um detalhe que se pareça com quem já não está.
Saudade do que apenas se sonhou viver...
Tem tanto jeito de sentir saudade!
Saudade que fica calada no peito fingindo que não existe só porque sabe que não dá pra passar.
Saudade que às vezes estoura do nada e fica difícil até respirar.
Saudade que acompanha todos os dias e que se mistura com o resto da vida, pois já ganhou o seu lugar.
Saudade que não se contenta enquanto não for resolvida, que grita, exige atenção, é suicida e pede pra alguém matá-la de uma vez.
Saudade faminta que implora por migalhas quaisquer que sejam: uma foto, uma voz, um perfume.
Saudade que não se contenta com pouco e que só se daria por satisfeita se conseguisse um abraço apertado, um colo aconchegante ou um cafuné.
Tem um monte de tipos de saudade, mas acho que só um jeito de fazê-la acabar. É a presença de quem se sente falta, é estar com quem por quem se espera.
Às vezes dá para fazer isso. Dá para pegar o telefone e dizer: “Oi, estou com saudade, vamos nos ver”. Nesses tempos de Internet, orkut e cia, dá para mandar um e-mail, um scrap, ou seja lá o que for, pedindo pela presença, marcando um encontro.
Mas às vezes nada disso é possível, não se pode ter aqueles por quem se anseia. Talvez a distância seja grande, talvez a vida seja outra, ou talvez a pessoa não esteja mais aqui.
São essas as saudades mais poderosas, mais insistentes e as que menos deixam possibilidade de resposta. Então se tornam companheiras, nos seguem pela vida. Vão tecendo nossas lembranças. Ganham um canto no peito. Não atrapalham a vida, depois de um tempo não doem, não fazem sofrer, mas estão sempre lá, pois são feitas de carinho, de amor, gratidão, felicidade, tudo que houve de bom.
São só saudade...

28/07/2010

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Às Meninas



Esses dias o passado bateu em minha porta
Chegou com a pose para uma foto
De novo fomos seis mais um

Enquanto caminhava até o altar a noiva levava consigo o futuro
Naqueles instantes que marcavam o presente
Ouvi então os ecos dos planos que encheram nosso passado

Já escrevi sobre o desejo de desfazer nossas brigas
Contei como nossos rumos se separaram
Quando a confiança se trincou

Os planos não saíram exatamente como almejávamos
Nossos caminhos por esses tempos se cruzaram e se afastaram
É possível ouvir o silêncio desses espaços

Foi preciso uma grande surpresa em forma tão pequenina
Com suas mãozinhas e sorrisos gostosos
Para nos chamar de volta

Foi preciso um evento tirado dos sonhos guardados nas gavetas
Um elo invisível nos mantendo juntas sem nem mesmo sabermos
Um fio nos ligando sem nos amarrar

Ela nos olhando enquanto atravessa a igreja ao encontro dele
A pista de dança transformada em ponto de encontro
O bebê dormindo no carrinho enquanto a mãe dança de salto

As coisas mudaram e jamais serão como antes
Não dá pra dizer o que Vem pela frente
Descobri que prefiro viver a imaginar

As meninas agora são mulheres
Mãe, esposas, solteiras
Estudando, se formando, trabalhando

A gente cresceu, virou gente grade
Algumas coisas mudam e outras nunca mudarão
Acho que vai ser sempre assim

Fazia tempo que não escrevia, talvez esteja enferrujada
Queria dizer que senti saudade de nós
Agora estou aqui sem saber como de terminar

Então de novo as lembras transbordam
Talvez não seja mesmo preciso terminar
Porque espero que essa não seja o fim.

02/02/09

As avessas



Sabe quando você vê que o mundo está de cabeça pra baixo?
Quando você se senta em uma rede, na varanda da casa de duas de suas amigas de infância, vendo o filho de uma terceira correr pela sala, tropeçando no tapete e dizendo suas primeiras palavras, enquanto o marido dela lancha por perto...
Não é só porque você achava que essa amiga nunca daria certo como mãe e esposa, nem porque a dupla que você imaginava morando junto não era bem essa ou porque você não esperava nunca estar ali assistindo a tudo isso.
Não é porque os planos não saíram exatamente como se queria, ou nem se realizaram. Nem porque um monte de surpresas e inesperados vive acontecendo.
Também não é porque tudo mudou, mas ainda assim, de um jeito inexplicável, algumas coisas continuam as mesmas.
Sabe quando você vê que o mundo está de cabeça pra baixo?
Ao pensar nessas coisas todas, você se sente imensamente feliz...
Nem tudo é da maneira desejada, tem um montão de coisas que precisam acontecer, mudar ou seja lá o que for...
Mas isso não importa!
É bom estar ali, naquela rede, não só assistindo a uma cena, mas participando...
É nessa hora que você percebe que o mundo está de cabeça pra baixo, e só pode pensar que não há jeito melhor pra ele estar!!!

5 de setembro de 2009

sábado, 24 de julho de 2010

A entrevista



A gente se forma e faz o que depois?
"Trabalha", é o que os outros dizem. Mas não é tão simples assim, tem outras coisas que se quer e tal. Pra tentar dar conta de tudo, resolvo que vou procurar um emprego que me permita continar fazendo outras coisas, assim tenho algum dinheiro e continuo com minha formação.
Me increvi então para vagar em telemarketing, nunca me imaginei fazendo isso, mas são só seis horas por dia e tal. No dia seguinte que me inscrevo sou chamada para uma entrevista. Fui, né? Vamos ver qual é.
Chego lá, já tem um monte de gente. Logo nos chamam e nos mandam entrar em uma sala. Umas sessenta pessoas tem que se entulhar praticamente dentro de uma sala um tanto pequena. Ok.
A mulher que está fazendo a entrevista, que trabalha na consultoria que organiza a seleção nem ao menos se preocupa em dar "Bom dia". Mal começamos a tentar caber na sala ela já está falando, ou melhor gritando, ordens. Ok.
Não tem lugar para todos sentarem, então acabo ficando de pé e bem na frente de todo mundo, ótimo!!!!
A mulher já vai olhando pra algumas pessoas e reconhecendo de outras entrevistas, diz que elas não podem participar. Com isso algumas pessoas vão embora e acaba sobrando uma cadeira pra mim, bem ao lado da entrevistadora.
Fico lá sentada, ouvindo e pensando: o que eu estou fazendo aqui? Fiz uma escolha, passei cinco anos na faculdade para me preparar para a profissão que escolhi e acabo numa entrevista pra algo que não tem nada a ver?
Velhas dúvidas aparecem. Será que vou conseguir trabalhar com psicologia? Ainda mais com a clínica? E o que eu aprendi na UFF, vai acabar se perdendo nesse mundo tão diferente dos nossos anos "uffianos"?
Sentada lá começo a prestar atenção na postura da entrevistadora, na situação toda da entrevista. Não entendo nada de RH, não foi algo que me interessasse durante minha formção, mas começo a questionar se é assim mesmo? É preciso falar com as pessoas como se elas fossem inferiores? É uma situação super estressante, será que não dá pra ter um pouco de educação, ou até gentileza? É assim mesmo, entulhar um monte de gente numa sala minúscula?
Que tipo de formação a entrevistadora tinha? Quais as exigências da empresa onde ela trabalha e da empresa pra quem eles fazem consultoria? Eles deram condições para uma entrevista diferente?
E as pessas que comparecem a essas entrevistas, já estão tão acostumadas com isso que não estranham mais? Dá pra questionar isso quando se precisa arrumar um emprego? Como será que elas se sentem sendo tratadas dessa maneira? Dispensadas de qualquer jeito porque não se encaixam nos padrões que nem ao menos ficam claros quais são?
Quando entrávamos na sala uma menina do meu lada começou a falar de como estava nervosa, da dificuldade dela de até respirar quando se sente assim. Não a conhecia, provavelmente nunca mais vou vê-la, mas tentei acolher seu nervosismo ao menos com um sorriso que demonstrasse que eu estava ouvindo.
Quando saí da entrevista fiquei pensando nisso tudo. Comecei a perceber que minha formação está mais presente do que eu imagino. A clínica está presente mais do que imagino. Fiquei feliz. Uma entrevista que não deu certo, acabou me mostrando que aprendi nesses anos todos, que mais do que uma profissão tenho referências para a vida e isso foi bom.
Então que venham outras entrevistas...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Um sopro de mim


Porque é tão difícil escrever?
São tantas as palavras que se oferecem,
Mas como fazê-las decifrarem os mistérios
Que se escondem dentro de mim?
Como fazer do lápis voz para o silencio
Que ecoa nos cantos da alma?
Enxurrada pronta pra arrebentar uma represa,
Vendaval que anuncia tempestade.
Não sei dizer de mim
Mais do que me permito mostrar.
Temo e anseio por alguém
Que no rio caudaloso da minha vida
Nade contra a correnteza,
Que se ofereça ao mergulho profundo.
As cavernas ocultam segredo
O vulcão que explode no meu peito,
Porque não adormece e me deixa descansar?
Não sei usar os termos certos
Pra mostrar o que cisma em escapar de mim.
Como falar do não dito?
Dá pra explicar o que não se vê,
Mas se sente a cada respiração,
Na garganta que seca de repente,
No tremor do encontro de um olhar?
Não sei se escrevo sobre minhas dores
Ou sobre os sonhos sempre de plantão.
Não sei se digo dos amores
Que nem vem, nem se vão.
Traços rabiscados numa folha
Rimas forçada, perdidas e achadas
No silêncio de uma noite,
Um momento apenas.Um pouco de mim em linhas incertas.

Vento



Quando é que o vento é mais vento?
Quando é vendaval ou quando é brisa de verão?
Ao cantar quando esbarrar nas folhas das árvores ou
Ao encontrar as pás dos moinhos e dar-lhes força para mover as águas?
Quando me torno mais eu?
Ao dizer o que penso sem medir as palavras
Ou ao ficar calada ouvindo confidências de amigos?
Quando coloco em mal traçadas linhas meus sentimentos
Ou ao sonhar com moinhos que recebam meu vento?
O vento é vento seja na tempestade ou no sopro do entardecer.
O mesmo que assobia é o que movimenta.
Vento que vem não sei de onde e se espalha por muitos lugares.
Tem muitos rumos, nenhum pouso e se aprisionado
Morre.
É mais fácil falar do vento do que de quem sou ou quando sou.Às vezes me sinto vento...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

sábado, 17 de julho de 2010

Conversando com Cecília



"Ou isto ou aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa estar
ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo, ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinque, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo." (Cecília Meireles)






A poetisa já dizia que na vida
Ou é isto ou aquilo.
Não consigo decidir se isto ou aquilo...
Mas é preciso decidir pelo ou?
Ando preferindo viver o e...
Quero tomar banho de chuva em um dia de sol
E não me importa quem seja a viúva a casar...
Qual o mal de se usar os anéis por cima da luva
Só pra brincar?
Minha cabeça voa enquanto meus pés ficam no chão...
Sinto-me em dois lugares sem duvidar.
E ainda que não esteja em dois lugares,
Nada me impede de estar no limiar...
Posso comprar o doce e guardar o dinheiro que sobrar...
Brinco, estudo, corro e descanso.
Vou vivendo e vivendo e vivendo...
Não estou brigando com as decisões,
É só um elogio ao que me permite adicionar
Ao invés de perder...
Com o tempo a gente vai aprendendo que pode ser
Isto e aquilo e aquilo e também aquele outro....

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Usando Clarisse



"Eu queria escreve luxuoso. Usar palavras que rebrilhassem molhadas e fossem peregrinas. Às vezes solenes em púpura, às vezes abismais esmeraldas, às vezes leves na mais fina seda macia rendilhada."