domingo, 30 de outubro de 2011

Da distância




Eu queria que você chegasse perto
Queria teu toque
Teu cheiro
Teu sabor
Queria tuas mãos
Teus olhos
Teus lábios
Queria te ter por inteiro
Pra me entregar por inteiro
Sem medo
Sem culpa
Sem dor
Por que tem que ser difícil?
Por que parece impossível?
Vale esperar por tua palavra certa
Cabe dar a minha resposta
Ainda que errada
Incerta
Errante
?
No certo ou errado
No faço ou não faço
Perde-se tanto tempo
Tempo que não se conta pelas horas
Mas pela medida do que se sente
A cada pulsar
Medo de jogar-se
Medo de ficar onde se está
Por onde anda aquele caminho
Que traçado já estava
Do início até o fim?
Como é teu rosto
Teu corpo
Tua voz?
Verdade feita
Dos pedaços do que não
Pode ser mais do que
Ilusão
Queria entregar-me a ti
De corpo
Alma
E o que mais for
Da distância em que habito
Chegar ao teu lugar
Não mais barreiras
Não mais medos
Não mais
Teu rosto construído
Nos detalhes da vida
Ganhando finalmente cor
Teu corpo
Contorno
Prum rio que corre
Sem direção
De onde vem?
Onde vai dar
Pra nadar?

E no silêncio
Na dúvida
Ser tua
Poderia bastar
Mas não basta
Não cessa
Não para de transbordar
Ser tua
Completamente
Deveria calar
...
Queria que chegasse perto
Desse o teu toque
Teu sorriso
Tua voz
Mas fica a sombra
O rosto sem face
Um brilho que é disfarce
Você não está
Queria poder tocar-te
Com o poder do
Teu toque em mim