quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Num piscar...

Assim como no final do ano passado, resolvi sentar e escrever sobre esse ano que termina, mas antes resolvi ler o que havia escrito aqui no blog sobre 2010. Minha surpresa foi descobrir que meu texto começava falando das mesmas coisas que queria comerçar falando neste texto aqui!
Queria falar de como o ano passou num piscar de olhos, como se no mesmo segundo fosse dezembro de 2010 e já dezembro de 2011... Mas dizer também que mesmo com tudo acontecendo tão rápido, tanto se passou que parece que todo uma eternidade coube nesse ano, e acontecimentos que se deram logo ali parece que já se passaram há tanto tempo!
Parando para pensar chego a conclusão de que essa é uma sensação - da rápida passagem do tempo - que tem nos acompanhado cada vez mais (embora não seja uma novidade). Os dias são sempre poucos para darmos conta do que temos que dar conta, e quando vemos estamos vivendo nessa corrida maluca. Só que quando nos detemos nos instantes, nas marcas do que vivemos, tudo pode ganhar mais cor, mais duração, e aí nos espantamos com a intensidade da vida que vivemos e muitas vezes não percebemos. 
Também fiquei pensando nessa nossa história de marcar a passagem do ano... Ultimamento ouvi algumas pessoas falando disso: "como se tudo fosse mudar de repente, a vida continua!",  coisas do tipo... Num primeiro momento, tem que se concorda, é isso aí mesmo! Mas pensando mais um pouquinho... fazemos com o ano o mesmo que fazemos com várias coisas na vida, criamos esse "território temporal", onde colocamos planos, desejos, expectativas, receios, alegrias, dúvidas, enfim...
Pensar na vida como um fluxo, constante, infinita, ilimitada, é tão grande, né? Viver pensando nesses termos pareceria... sei lá! Então construímos essas ilhas, espaços em que podemos nos sentir mais seguros. Esses espaços tem tantos tamanhos e formas, que não dá nem para contar, o ano é só mais um deles. Mas eles são importantes, eles têm sentido e ajudam a dar sentido.
Agora que um desses anos termina a hora é mesmo de parar e pensar naqueles desejos, esperanças, medos, planos, alegrias, surpresas que o fizeram. Também é hora de dar uma olhada no "estoque" e tirar de lá tudo que tem a etiqueta "2012". O que foi bom nesse ano, não tem problema nenhum em que se permaneça, mas o que não foi, também não vai fazer mal nenhum em se acabar junto com 2011.
Nesse momento, só podemos imaginar como será, pois o anos só se faz no momento em que se faz. Vamos então ficar na torcida, para que consigamos piscar um pouco mais devagar, para que a corrida seja um menos maluca, para que os momentos possam durar mais, serem mais saboreados, que ganhem um gosto de vividos plenamente.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Da passagem do ano


Nessa época paramos para pensar em como foi o ano que passou e começamos a planejar o ano que virá... Aproveitando esse clima compartilho as belas palavras de Viviane Mosé, que me foram dadas de presente, e que presenteio quem andar por aqui...

Vida e tempo (Viviane Mosé)

quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele soprando sulcos?


o tempo andou riscando meu rosto

com uma navalha fina


sem raiva nem rancor

o tempo riscou meu rosto

com calma

 
(eu parei de lutar contra o tempo

ando exercendo instantes

acho que ganhei presença)

 

acho que a vida anda passando a mão em mim.

a vida anda passando a mão em mim.

acho que a vida anda passando.

a vida anda passando.

acho que a vida anda.

a vida anda em mim.

acho que há vida em mim.

a vida em mim anda passando.

acho que a vida anda passando a mão em mim


 e por falar em sexo quem anda me comendo

é o tempo

na verdade faz tempo mas eu escondia

porque ele me pegava à força e por trás

 um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo

se você tem que me comer

que seja com o meu consentimento

e me olhando nos olhos


acho que ganhei o tempo

de lá pra cá ele tem sido bom comigo

dizem que ando até remoçando

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Entre Linhas...: Doenças

Entre Linhas...: Doenças: Muitas doenças que as pessoas têm são poemas presos abscessos tumores nódulos pedras são palavras calcificadas poemas sem vazão mes...

domingo, 30 de outubro de 2011

Da distância




Eu queria que você chegasse perto
Queria teu toque
Teu cheiro
Teu sabor
Queria tuas mãos
Teus olhos
Teus lábios
Queria te ter por inteiro
Pra me entregar por inteiro
Sem medo
Sem culpa
Sem dor
Por que tem que ser difícil?
Por que parece impossível?
Vale esperar por tua palavra certa
Cabe dar a minha resposta
Ainda que errada
Incerta
Errante
?
No certo ou errado
No faço ou não faço
Perde-se tanto tempo
Tempo que não se conta pelas horas
Mas pela medida do que se sente
A cada pulsar
Medo de jogar-se
Medo de ficar onde se está
Por onde anda aquele caminho
Que traçado já estava
Do início até o fim?
Como é teu rosto
Teu corpo
Tua voz?
Verdade feita
Dos pedaços do que não
Pode ser mais do que
Ilusão
Queria entregar-me a ti
De corpo
Alma
E o que mais for
Da distância em que habito
Chegar ao teu lugar
Não mais barreiras
Não mais medos
Não mais
Teu rosto construído
Nos detalhes da vida
Ganhando finalmente cor
Teu corpo
Contorno
Prum rio que corre
Sem direção
De onde vem?
Onde vai dar
Pra nadar?

E no silêncio
Na dúvida
Ser tua
Poderia bastar
Mas não basta
Não cessa
Não para de transbordar
Ser tua
Completamente
Deveria calar
...
Queria que chegasse perto
Desse o teu toque
Teu sorriso
Tua voz
Mas fica a sombra
O rosto sem face
Um brilho que é disfarce
Você não está
Queria poder tocar-te
Com o poder do
Teu toque em mim

domingo, 28 de agosto de 2011

Dia do Psicólogo

Ontem, 27 de agosto, foi comemorado o dia do psicólogo. Para aqueles que possam ainda não saber, esta é minha profissão. Esse dia é uma oportunidade, creio, de pensar nossa prática, seja individual ou coletiva. Tentei fazer um pouco isso... 
Tenho quase um ano de formada oficial (coisas da UFF que demora a deixar a gente colar grau) e nesse ano acho que já experimentei um cado de coisas. Já passei pela insegurança que dá estar recém formada e pensar que não dá para se garantir só com a psicologia e é preciso arrumar qualquer outra coisas só para ajudar no início e perceber que "qualquer coisa" não é bem o que a gente quer fazer. 
Já passei, e ainda passo, pela crise de estar ocupando um lugar que não tem como rótulo o nome "psicólogo", mas venho descobrindo que o nome só não serve para nada e que ser psicólogo se trata de outra coisa. 
Hesitei e depois arrisquei experimentar possibilidades de trabalho que sempre acreditei não serem propícias para mim. Surpreendo-me constantemente ao perceber como estava enganada, ao percerber que a gente vai construindo nossa prática, criando nosso "corpo-psicólogo-at-monitor-e o que mais vier" para dar continuidade ao trabalho. 
Venho aprendendo que acolher, cuidar, escutar, criar, dar suporte são muito mais do que meras palavras, e que não se fazem de acordo com um manual de instruções. A gente aposta, confia, erra, tenta de outra maneira e vai vendo que existem tantas formas diferentes de se fazer e que nunca vai ser sempre igual...
Deixei o ninho (a segurança de estar num estágio fantástico, com supervisor incrível, com colegas também incríveis), confesso que com certa relutância, mas fazer o que?, era já o tempo... E também não quer dizer que às vezes não sinta uma vontade gigantesca de voltar para lá... Mas não "caí no mundo" sozinha. Tratei de ficar perto de quem estava vivendo a mesma aventura e disposto a compartilhá-la. A gente se ajuda, chora, ri, se diverte, fica "pau-da-vida" junto. A gente, apoia o trabalho um dos outros, compartilha as experiências, se supervisiona. Trabalhamos juntos e também analisamos o trabalho que temos feito. Sei que quando estou sentada na frente de um paciente no consultório ou acompanhando um outro pelas ruas, não estou sozinha, fazendo coisas que me deram na cabeça, mas tenho comigo pessoas comprometidas em pensar a clínica, e o que é ser psicólogo. 
É apenas o primeiro dia do psicólogo que comemoro de verdade. Só um ano ainda começando a engatinhar nessa prática, mas posso dizer que foi um ano de muitas intensidades. Só posso esperar que todos os outros que ainda virão tragam muitas intensidades mais. 
E ficam aqui meus agradecimentos...
aos meus companheiros GIRAntes,  às minhas  BOAs CIAs, aos limiantes, e aqueles que a gente encontra rapidinho e vai andando na rua, parando para conversar um pouquinho na Cantareira ou no corredor da UFF e muitos outros mais...
por estarem comigo neste ano e meu desejo de que continuem nesta caminhada comigo por longo tempo.


quinta-feira, 28 de julho de 2011

Vinicices: Nascimentos

Vinicices: Nascimentos: " Outro dia li um texto muito bonito, do meu tio Roberto, falando sobre a transformação de pai em avô. Ele me fez perceber algo que nos esc..."

terça-feira, 26 de julho de 2011

terça-feira, 5 de julho de 2011

Palavras desenhadas

 

O desenho pediu para virar palavra
Não disse qual
Só insitia a brancura do papel
Para que fosse preenchida por letras
A folha de desenho fez-se papel de carta
Carta para quem?
Carta de quem?
Num espaço onde o tempo que se sente
É diferente do relógio
Onde linhas bem traçadas desenham 
Um corpo possível
Contorno que muda constantemente
Mas que sempre insiste em arregalar os olhos
Testemunhando um espanto com a vida
O dizer tantas vezes torna-se sem sentido
Pois o que é sentido é sempre muito
Um render-se constante diante do que
Não se sabe como lidar
No papel que já fala tanto
O desenho pede para virar palavra
Escrita silenciosa nascida do eco
De se estar em companhia.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Abraços

É que o dia hoje foi...




...para lembrar...

...para esquercer...    



...para querer...



  ...um abraço...


domingo, 19 de junho de 2011

Doenças



Muitas doenças que as pessoas têm são poemas presos
abscessos tumores nódulos pedras são palavras
calcificadas
poemas sem vazão
mesmo cravos pretos espinhas cabelo encravado
prisão de ventre poderia um dia ter sido poema
pessoas às vezes adoecem de gostar de palavra presa
palavra boa é palavra líquida
escorrendo em estado de lágrima
lágrima é dor derretida
dor endurecida é tumor
lágrima é alegria derretida
alegria endurecida é tumor
lágrima é raiva derretida
raiva endurecida é tumor
lágrima é pessoa derretida
pessoa endurecida é tumor
tempo endurecido é tumor
tempo derretido é poema
palavra suor é melhor do que palavra cravo
que é melhor do que palavra catarro
que é melhor do que palavra bílis
que é melhor do que palavra ferida
que é melhor do que palavra nódulo
que nem chega perto da palavra tumores internos
palavra lágrima é melhor
palavra é melhor
é melhor poema
 
Viviane Mosé

Confira:

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Uma flor...


Há algum tempo escrevi sobre a beleza de ver flores e amizades brotarem de forma inesperada.
Hoje ganhei uma bela flor. Com suas pétalas costuradas a mão e um doce perfume de canela. 
Ela é uma dessas flores que brotou de forma inesperada, sem ter sido planejada. 
Mas uma coisa que venho percebendo é que embora não tenha plantado essas flores de próposito, é preciso cuidar delas, para que cresçam e se tornem cada dia mais belas. Não por obrigação, mas porque vale a pena. Porque uma das mais belas coisas da vida é ver um belo jardim, com as mais variadas flores. Com as cores, os cheiros e aparência das mais diversas. Um jardim que se transforma a medida do tempo, com a mudança das estações, com a maneira como o sol o toca ou como a chuva o rega. Mas que se bem tratado, se cuidado com carinho permanece sempre vivo e resplendoroso.
Hoje, ganhei um flor, feita pelas mãos de um moça de sorriso bonito. Na verdade, essa flor é um brotinho que nasceu de um outra flor, que tem sido bem cuidada, tem crescido e florescido cada dia mais. 
Como já disse noutra ocasião há maravilha no inesperado, mas também há uma incrível beleza em se cultivar o que se ganhou inesperadamente, para que possa durar.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Só uma palavrinha...

Ando com uma saudadezinha de escrever,
mas estou sem inspiração.
Não que não tenham havido grandes tristezas,
e alegrias maiores ainda.
Só que nada ainda encontrou o pouso certo,
pra fazer ninho,
tranbordar o peito e encher a cabeça...
Nesses dias há apenas a delícia de estar
com os amigos...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Isto - Fernando Pessoa


Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!

s. d.

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995): 236.

1ª publ. in Presença , nº 38. Coimbra: Abr. 1933.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Escrever

Por que é preciso publicisar?  Por que é preciso tornar novamente coletivo?
Essas questões ficam ressoando durante e ainda depois do Limiar. E elas trazem a sensação de que para pensar nisso é preciso pensar na experiência de escrever. É preciso pensar o que leva alguém a ter que escrever. Penso no meu processo de escrita. Não é só sentar e escrever. Quando escrevo? Quando algo transborda. Mas o que transborda? Uma intensidade, um afeto, que se torna grande e não cabe mais só em mim. No entanto, esse afeto, essa intensidade não é desde o início meu. Ele é um fora que me habita. É um caso que “pega”, uma situação que ocorre, é a vida no seu processo, que me atravessa, me afeta,  pega, me cria. E me criando vai formando esse “dentro”, onde recebe mais vida, mais afeto e assim por diante. Só que chega um momento que todo esse movimento, toda essa intensidade parece não caber mais. Paradoxalmente essa intensidade começa a parecer que é muita abertura, e dá a sensação de que se está sozinho diante disso tudo. É preciso falar, pôr em palavras para que algum outro as receba. Esse outro não precisa ser identificado, especificado. Pôr em palavras é endereçar, para que não se esvazie, mas para que também não se estoure. É não ficar sozinho com essa intensidade tão grande. É sentir que alguém também pode sentir o mesmo.
Junto com isso ainda aparece a questão da possibilidade de ao ler Pessoa colar com o Eu vazio ou com o Eu-plano-multidão. E última a supervisão do Gira, em que falei do at fica retornando na memória. Mas por quê? As sensações que retornam dessa supervisão são a necessidade de ter alguém que sentisse o mesmo que eu, e a outra que era anterior a essa, a de estar entorpecida. Parece para mim que essas duas sensações se aproximam dessas questões acima colocadas.
Diante de tamanha intensidade, uma saída possível é se entorpecer, para não ter que sentir esse tanto. E aí a quando vem a pergunta: “o que você está sentindo?”, para qual a única resposta só parece poder ser nada, um vazio. E nesse caso, não dá mesmo para falar, nem escrever, nem pensar. Porque o que move tudo isso está bloqueado, que é o sentir.
Outra saída possível é topar sentir as intensidades, é encarar se colocar frente a uma abertura sem-fim. Mas aí não dá pra encarar isso sozinho, sabe? Por isso essa sensação de que é preciso ter alguém que entenda o que estou sentindo, que sinta junto comigo. Falar em supervisão, procurar terapia, escrever... Pra dizer dessa intensidade, passá-la, transmiti-la de alguma forma, fazer esse contágio, pra não se estar só. Para não parar o movimento dessas forças em si mesmo, tomando tudo pra si, dar passagem, ser canal... Devolver pro coletivo o tanto que ele nos deu...
[continua... ou não...]

sábado, 16 de abril de 2011

"Ética na clínica - Toda escolha é uma escolha política"



Este texto foi escrito por uma amiga, Janaína, para a colação de grau da qual ela foi oradora. Através deste texto podemos ver as marcas da formação na UFF, e as questões que atravessam a nossa prática enquanto psicólogos.





Colação 15 de abril de 2010
Oradora: Janaina Marins

Hoje é o grande dia. Sairemos daqui psicólogos, bacharéis ou licenciados em psicologia. Depois de anos de aulas, estágios e muita dedicação, finalmente podemos comemorar esse momento. Entretanto, proponho aqui uma reflexão a respeito do lugar ocupado pelo psicólogo na nossa sociedade. 
Tivemos o privilégio de cursar a graduação numa universidade que não nos preparou somente para o “mercado de trabalho”, mas sobretudo, houve a preocupação de desenvolver em nós um posicionamento crítico que nos conduz a questionar verdades naturalizadas que encobrem o caráter político e histórico das escolhas que fazemos. Fomos levados inclusive a problematizar a formação do psicólogo dentro da própria universidade.
Tudo isso nos fez amadurecer. Hoje não somos mais os mesmos que atravessaram os portões do campus do Gragoatá há alguns anos. Costumo dizer que, tudo que eu achava que era psicologia foi desconstruído nos primeiros períodos. Fomos instigados pelos professores a questionar verdades arraigadas em nossas mentes e descobrimos que a história, a cidade, o “outro” ao nosso lado também nos constitui. O que chamam de “meio em que vivemos” não nos afeta somente, mas faz parte da nossa existência. Bem, se indivíduo é uma invenção da modernidade, então, quem eu sou, afinal?
Durante algumas semanas, um pequeno cartaz chamou minha atenção na entrada do bloco N, ele dizia: “Pra que (ou para quem) serve seu conhecimento?” Essa pequena frase ecoou na minha mente e levantou as seguintes questões: Pra que serviram esses últimos anos de formação? O que vamos fazer com isso? Que profissional eu quero ser?
O sujeito que procura um psicólogo, encontra-se em sofrimento. Independentemente da teoria da psicologia escolhida por cada um de nós, é preciso acolher esse sujeito, escutá-lo. Para isso, a ética precisa ser nossa bússola durante o trabalho de escuta e nas intervenções que ocorrem na clínica. Nós temos esse dever. Devemos sempre questionar o nosso lugar, nossa posição, seja ela de terapeuta, analista, professor, pesquisador ou qualquer outra função que essa formação nos proporciona.
Na nossa sociedade, somos o tempo todo requisitados a fornecer laudos, interrogam-nos a respeito da patologia de tal sujeito ou criminoso. O psicólogo muitas vezes encontra-se no lugar dos profetas ou sacerdotes do oráculo de Delfos, na Grécia Antiga. Mas é isso que queremos ser? Será que damos conta desse lugar que foi construído, influenciado por nossas práticas cotidianas? O que nós temos a ver com isso?
O sujeito que entra no consultório pedindo ajuda, também circula pela cidade. O consultório não é um território asséptico, é contaminado o tempo todo pelas vozes, pelos cheiros, pelas histórias do nosso tempo. Hoje em Niterói, um dos parques mais movimentados da cidade, o Campo de São Bento, frequentado por pessoas de todas as idades, um espaço de convivência e circulação, encontra-se com parte dos portões fechados, por ordem do secretário municipal de segurança e controle urbano. Esse senhor acredita que restringindo a circulação, consegue-se controlar a criminalidade. Em resposta a protestos dos moradores, principalmente relacionados a dificuldades de locomoção dos idosos e deficientes físicos, nosso secretário respondeu: “Sobre esse negócio de velho, idoso tem mais é que andar. Faz bem. E andar até o outro portão serve como aquecimento para quem caminha. A decisão de fechar os portões laterais será mantida até a minha morte.” Que poder é esse? O que isso tem a ver conosco hoje à noite? O secretário ainda avisou que uma das próximas praças da cidade a serem gradeadas para se restringir a circulação dos que ele chama de “drogados e vagabundos”, será a praça da Cantareira, ponto de encontro dos alunos da UFF.
Ao invés de se racionalizar a questão da segurança na cidade, se restringe a circulação do espaço público para se controlar melhor esse espaço. Isso é uma decisão autoritária, vergonhosa, tomada por aqueles que são pagos para servir ao público e não se servir do que é público.
Esse tipo de decisão de caráter fascista não é apartado das nossas práticas. Precisamos
problematizá-las para não sermos ingênuos, acreditando que o que está feito está feito e não temos nada a ver com isso.
No passado, outras práticas vergonhosas e ditatoriais encontraram apoio num discurso psi, que fechava o sujeito no seu mundinho familiar, culpabilizando-o de todos os problemas. As questões são amplas, nem tudo que ocorre é só responsabilidade da educação e da família, fazemos parte de uma sociedade. Será que queremos compactuar com discursos fascistas que apoiam a tortura, a exclusão social, ou a discriminação baseada nas nossas características físicas ou nas nossas opções, sejam sexuais ou religiosas? 
Nossos professores durante todos esses anos nos apresentaram teorias, modos de ver e construir o mundo. Meu grande desejo hoje à noite, é que ao sairmos daqui com nossos diplomas, tenhamos consciência de que a todo momento nós construímos o lugar que o profissional psi ocupa na nossa sociedade. A ética precisa guiar nossas escolhas, afinal, toda escolha é uma escolha política sim, que atravessará as paredes do consultório, das salas de aula e ajudará a fechar ou abrir os portões do mundo.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Carta aos companheiros de viagem...


Queridos,
Escrevo para dar notícias ou melhor, para dizer como foi importante a última supervisão (seja do GIRA, seja a do Boa Cia) e também porque sinto-me contagiada por uma potência, que dentre outras coisas me fez querer muito compartilhar com vocês o que estou sentido: alegria. Mas deixa eu me explicar melhor:
Acabo de chegar do at. E ainda pelo caminho, andando pela praia de Icaraí, como há uma semana atrás, novamente me pego pensando na minha prática, tentando dar sentido para o que estou fazendo nesse at, enfim... Só que hoje há uma diferença, não me sinto entorpecida. Meu corpo sente junto comigo, sinto arrepios nas pernas, minha respiração regular, e um sorriso que não quer sair do meu rosto... Estou alegre, uma alegria sem motivo aparente, mas que pra mim nasce de uma leveza que venho experimentando desde sábado.
A indicação da Lívia no Gira foi tentar tornar o at mais leve, e sem perceber, acho que já fazíamos isso naquele momento. O encontro com o paciente na terça foi outro. No desenho, num primeiro momento não se sabia o que desenhar, foi aparecendo balões... Vários balões coloridos voando pelo céu. E uma pergunta que já não era feita há algum tempo reaparece: “vamos jogar ping-pong?”, ok vamos... E quando um convite para tomar um suco na rua é recusado, pode aparecer um: “então ta, eu vou depois sozinha”, que produz algo no outro que diz: “você quer ir tomar um suco no hortifrutti? Então vamos...” O at terça foi leve...
E a supervisão que pôde acontecer, não apenas falar de como estava indo o caso, mas estar junto. Poder falar de minha dificuldade com o at, da nossa dificuldade de se encontrar, e deixar aparecer com é lidar com a abertura, com a intensidade... Chorar e rir juntas, um pouco mais de leveza, sem esquecer a força, pensando num método para lidar com a intensidade... A supervisão foi leve e forte...
Nessa quinta, outro at, que de cara dispara um monte de perguntas: o que é que estou fazendo? Como é se faz at com um paciente que não é psicótico? Qual a singularidade desse caso? O que há de singular em cada at? Fui tomar suco com os dois pacientes, essa semana... Casos tão parecidos, mas tão diferentes! Casos singulares, e que me convocam de maneiras singulares também. Como criar um corpo para lidar com esses limiares de intensidade?
Só que todas essas perguntas aparecem sem terem peso, sem se tornarem desesperadoras, elas dão vontade de estudar, saio do at pensando no texto “Como criar para si um corpo sem órgãos”; dão vontade de escrever, de compartilhar o que estou sentindo com outros. Sinto uma potência, uma alegria... O at de quinta foi leve, forte e alegre...
Sábado e terça falamos da necessidade de “proteção”, de “anteparos” para lidar com a abertura, no encontro com as intensidades. Talvez tenha me esquecido que os afetos produzidos nesse encontro também podem ser bons, também podem aumentar minha potência. Hoje estou me lembrando disso, ou melhor, sentido.
Queridos, escrevo, como disse, para dar noticias, para dizer que acho importantíssimos esses nossos espaços de supervisão (mas isso vocês já sabem, né?), e porque quero fazer durar essa sensação...

sábado, 9 de abril de 2011

Perder-se

Estou começando a achar que a minha inspiração é ter que andar pelo Rio de Janeiro. Sempre que vou para algum lugar por lá, sinto vontade de escrever. Ou talvez sejam os encontros do GIRA, já que são eles o motivo dessa minha locomoção... Mas vamos começar a história do começo.
Hoje tivemos um encontro de supervisão em Guadalupe, e como aqueles que já leram algo aqui no blog sabem, eu não sei andar no Rio, mas já havia ido uma vez antes a Guadalupe. Então, quando uma amiga (que não sabe andar pelo Rio) do grupo pergunta quem vai sair de Niterói, digo que como já havia feito o trajeto iria me perder um pouco menos. É aí que outra amiga responde a esses emails com a seguinte frase "perder-se também é caminho", da Clarice Lispector. Bem, no fim das contas a gente não chegou a se perder, apenas não fomos devidamente avisadas do que deveríamos fazer, mas conseguimos nos sair muito bem. No entanto, a frase ficou ecoando em minha cabeça durante toda a supervisão... Mas qual o motivo disso?
Acho que tem a ver com as coisas ditas na supervisão. Sentir-se só, precisar ser acolhido, afirmar escolhas, poder deixar que vejam nossa fragilidade, receber cuidado, cuidar... Tantas sensações, tantos afetos, tantas situações que são dos pacientes, mas que se misturam com nossas vidas, que nos pegam, nos embolam e parecem nos tirar do rumo, e que rumo é esse mesmo? Para onde pretendíamos ir ao escolher ser psicólogos, ao querer cuidar de outros (que nos chegam em situações tão doloridas, situações que nos tocam de tantas maneiras)? Que caminho é esse em que planejamos trabalhar de certo jeito, mas que vai nos fazendo encontrar sempre com o inesperado, nos desafiando, alargando nossos limites? 
"Perder-se também é caminho"... É fazer do novo, material de trabalho, é usar o que tenta nos paralisar como alavanca para o impulso; é fazer do que a princípio parece confusão, caminho errado, fim da linha, como nova estrada, atalho, trilha...É conhecer um lugar onde não se iria se apenas o que estivesse no cronograma, dentro do estritamente planejado fosse seguido. 
Como nos "perdemos" hoje? Fazendo o caminho correto: estávamos no caminho certo, mas achamos que estava errado, então tivemos que voltar um pedaço, para descobrir que o que pensávamos ser o certo não era e que o estávamos fazendo antes é que era. Confuso? Na hora foi só um pouquinho.Conseguimos fazer o caminho, chegamos onde queríamos, aprendemos algo mais sobre o metrô... Lá, na supervisão, também por momentos a sensação é de que tínhamos nos perdido, nos casos, na escolhas da profissão, na vida... Mas juntos construímos caminhos...

domingo, 13 de março de 2011

Cisne Negro

   

 
      Ainda não entendi se gostei do filme ou não. Acho que ainda estou impactada. Talvez o filme não seja mesmo para ser entendido, ele é muito mais para se sentir... Isso eu fiz.
     Fica difícil falar sem contar o filme, e isso é chato, né? Mas a parte que mais me tocou foi quando um dos personagens pergunta: "o que você fez", e a Nina responde: "Eu senti..."
    Outra coisa que muito me afetou foi o movimento dos braços quando ela dança, tanto como Cisne branco, quanto como Cisne negro, não sei porque... Vejam um pouquinho

Series finale

      Sou apaixonada por séries, pouca gente sabe disso, mas eu as adoro! Sério, e nem sou muito exigente, assisto até "Arnold", sabe aquela que costuma passar no SBT, de milhões de anos atrás? Se deixar posso ficar o dia inteiro vendo vários episódios e não me cansar. Nada contra filmes, também os amo. Livros, então!!!!! Quem me conhece sabe que troco qualquer coisa por um bom livro, se estiver gostando do que estou lendo, o mundo pode acabar que não me importo. E se for uma série de livros, não resisto, tenho que ler todos!!!!!
     Às vezes fico me perguntando de onde vem essa mania, como hoje, e às vezes encontro algumas explicações. Acho que a principal delas é a de que amo histórias, e é aí que gostar tanto de livros, filmes e séries tem seu ponto comum. Gosto muito de um boa história, de poder acompanhar o que acontece com os personagens, seus atos, seus amores, suas dores, enfim, suas vidas. Se puder ter um mistério, um suspense no meio, melhor ainda! E é nisso que as séries saem na frente, pois elas duram mais, um filme tem umas duas horas apenas, tudo se condensa ali. Um livro pode durar mais, mas as séries podem ter anos, é quase como viver um vida paralela... Você pode acompanhar os personagens mudarem, partirem, voltarem, crescerem, são várias histórias dentro de uma história. (Fiquei pensando que isso tem muita haver com o que sempre me interessou na psicologia, antes mesmo da faculdade: que é poder acompanhar a vida de alguém, sabe ver seus movimentos... Mas isso fica para um outro texto, quem sabe?)
      Tem outra coisa de que gosto nas séries: por mais que elas durem uma hora elas tem um fim, e aí a gente sabe que pode esperar que, de um jeito ou de outro, tudo vai terminar da melhor forma possível. Então nossa parte sonhadora, que quer sempre ver finais felizes pode ficar sossegada, porque a gente sabe que por mais que as coisas parecem muito confusas, totalmente impossíveis de se acertar, ali no episódio que carrega o "Series finale" tudo vai se resolver, pelo menos a grande trama geral.
     Você já parou para pensar em quantas situações na vida seria bom olhar e ver escrito numa plaquinha essas palavras: series finale", pois era a dica de que as coisas vão se resolver. Confesso que eu adoraria!
     Todo esse texto só porque hoje assisti ao final de uma série. E acaba dando uma certa tristeza, não vou mais poder acompanhar essa história, torcer pelos personagens, essas coisas... Mas por outro lado é bom, tive um pouco de "final feliz". Tudo pode não terminar 100%, mas os pontos chaves se solucionam, e aqueles a quem você se apegou ficam bem.
     Bem, ainda bem que o que não falta no momento são séries, livros, filmes, ou seja, muitas histórias para acompanhar. Ah! E pessoas, muitas e muitas pessoas!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

   Esse texto não tem titulo, pois seu início se dá no fim, e porque o começo dessa história era apenas isto: uma aposta. Frente a um descontentamento, da necessidade de algo novo, de mais, era o desconhecido, o diferente, o “fora dos padrões”, uma tentativa.
   Estar durante quatro horas, ou mais, numa sala com mais um monte de gente (que na maior parte você mal conhece) todas as quintas de tarde podia parecer muito estranho, e fazendo o que? Boa pergunta... Porque não era simplesmente ouvir e falar de casos, não era só contar o que acontecia nos atendimentos; quando a roda rodava muito mais do que isso sempre foi compartilhado.
   Um ano e meio depois o fim se parece em muitas coisas com o início; o desconhecido, a diferença, o “fora dos padrões” continuam a existir. Só que agora mais do que entender, sente-se que é justamente nisso que se aposta. A tentativa é de nos aproximarmos sempre desse desconhecido, de não nos deixarmos endurecer nos padrões, para poder produzir constantemente esse diferir, que traz o novo como possibilidade.
   No fim a sensação de quem vai é muito parecida com a de quem chega, talvez porque esse fim seja justamente chegada em outros lugares... Sente-se que ainda se tem muito que experimentar, tudo é intenso e intrigante...
   Quem sai pode ficar feliz, pois leva nas mãos algumas vantagens, já que ao chegarmos nos vemos de mãos vazias, ou com pouquíssimas coisas nessas mãos.  O que fazemos durante nossa passagem é construir uma mala para as viagens, nossa maleta de trabalho ou como já foi dito nossa “caixa de ferramentas”. Também começamos a descobrir as ferramentas, os materiais que são úteis para se colocar nessa maleta. Aos poucos começamos a nos dar conta de que essa maleta esteve todo o tempo conosco: é o nosso corpo; e que as principais ferramentas também sempre estiveram em nossas mãos: nossos afetos. Mas estranhamente, é preciso acordá-los, tanto corpo quanto afetos, exercitá-los, nos sintonizarmos com eles, nos tornarmos sensíveis a eles. A pergunta que ficou para trás enfim é respondida: estamos semanalmente, durante todas essas horas exercitando a escuta, do outro e de nós mesmos.
   Quem sai, pode sentir-se feliz, pois leva consigo o que construiu durante esse tempo, pode parecer pouco ainda, mas já é tanto comparado a quando se chegou! E leva-se muito mais do que isso, porque não se estava aprendendo apenas uma técnica, não se travava apenas de aprender um método, talvez também se aprenda isso, mas aprendemos muito mais, pois se trata o tempo todo de falar da vida, de afirmá-la, de acompanhar por que caminhos ela se traça, o que ela produz, e sustentá-la.
   Como não falar do que se leva das pessoas com quem se dividiu todo esse tempo? Nesse espaço de tempo, nas muitas rodas que se criaram, pois esta roda não é a mesma de quando entrei... Uns que foram antes, outras que ainda vão ficar. Como não levar o que se aprendeu compartilhando os sorrisos, as dúvidas, os biscoitos, e muito mais? Saímos marcados por esses momentos, por essas pessoas. Sentirei saudades de compartilhar minha formação com vocês. Talvez por isso seja difícil dizer tchau, então antes quero dedicar umas palavras a algumas pessoas tão marcantes que me fizeram companhia durante este caminho.
   À moça de óculos séria e compenetrada que tem a incrível capacidade de me afetar cada vez que fala de seus casos, minha admiração pela clínica incrível que tem se tornado.
   Ao meu querido “devir esquizo”, suas intervenções nada convencionais sempre foram tudo de bom! Foi sempre muito bom poder escutá-lo. Poder experimentar uma modo novo de criação ao fazer origami foi importante e que bom que tive você como professor.
   À moça bonita, flor que faz flores, companheira de trabalho. Te acho o máximo sabia? Sua sensibilidade, sua entrega, seus sorriso... Sua boa companhia são importantes pra mim.
   À veterana, que há muito deixou de ser caloura, sua disposição para o trabalho e sua abertura pra escutar o que os outros têm a te dizer são admiráveis.
   À moça de fala doce, que me ensinou outra maneira de mostrar o quanto sinto, falando com as mãos.
  Às muitas mulheres, meninas e moças que fazem de uma, várias. Sua linha afetiva, intensa, que nos atravessou e nos contagiou foi imprescindível! Adorei poder dividir com você não só este, mas todos os outros espaços em que estamos juntas, inclusive podermos compartilhar de certa forma o mesmo espaço para o “cuidado de si”.
   A esses e aos outros que apesar de não estarem citados aqui são importantes, pois juntos é que podemos fazer esta roda, a todas as rodas que se fizeram neste tempo em que aqui estive, obrigada.
   Ao professor, um tanto temido, que foi aos poucos se transformando em supervisor, e que de supervisor pôde se tornar referencial: por sua dedicação pela clínica, seu comprometimento em estudar, por nos mostrar o que é acolher. E por fazer tudo isso conosco, nos acolhendo, estudando conosco, se dedicando a nossa formação enquanto clínicos. Fazendo tudo isso sem se colocar como nosso superior, mas justamente porque pôde estar ao nosso lado. Agradeço sua generosidade, sua disposição em investir na nossa formação. Agradeço ao hospitaleiro e ao coronel. Obrigada.
   Aos que chegam me permitam uma dica: aproveitem! Pode agora estar parecendo tudo muito louco, um tanto piegas esse texto, mas vivam essa experiência ao máximo que puderem, porque pode ser boa demais.
   Bem, como disse no começo essa história não tinha título, pois ainda não se sabia como ia ser. Agora, no fim, muitos nomes são possíveis, e aprendi que é isso o que importa. Muitas vezes ouvi: “não importam as entradas, desde que as saídas sejam múltiplas”. Pois é bom saber e poder dizer que estar na roda produziu muito, inclusive que posso agora girar pelo mundo. 
   Retornando ao fim, também é bom saber que este final não precisa ser um adeus. É sempre possível um espaço de encontro, estar com a roda em sua abertura, em seu limiar. Bom também é saber que levo comigo companheiros de trabalho, alguns com os quais já estou junto, outros que serão sempre bem vindos quando quiserem, e claro, que as amizades não precisam estar restritas a nenhum espaço. Enfim, paradoxalmente, é porque algo pode acabar que mais vida pode se produzir.
   A todos só tenho mais uma coisa a dizer: Até logo!



segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Desassossego...

Ando sem inspiração para a escrita...
Por isso, hoje me contento com a imagem...