sábado, 31 de julho de 2010

Camila...por Ana Paula

Esse texto foi escrito por uma amiga que adoro...



Lembro do primeiro dia que a vi. Uma menina tímida, toda de branco, que sentou na fila da esquerda, encostada na parede, do Nosso Colégio. Assim, ali, ela mal sabia que acabara de se tornar mais uma eterna margarida. E eu, mal sabia que acabara de conhecer a amiga mais misteriosa e enigmática de todas. Nossa Suiça - ela é tão neutra que conhecê-la torna-se um desafio.
Fiel às suas convicções e firme em suas posições, às vezes ela me deixa irritada com sua dificuldade em mudar de idéia. Tá... Tudo bem... Nada que um de seus sorrisos - e que sorriso - não apague!! Reflexo de uma mulher decidida, forte e determinada a conquistar seus sonhos.
Há os que dizem que ela possui um coração de pedra. eu não compartilho. Seu coração é tão sensível quanto uma bonequinha de porcelana, e tão fechado quanto uma ostra. Puro truque, proteção. Quem consegue abrir achará uma grande recompensa: Uma Pérola brilhante e valiosa.
Outros dizem que ela tem uma alma de poeta. Também não concordo. Camila é uma Poesia. E das mais bonitas. Você lê uma, duas, três vezes... e após anos e anos lendo você não se cansa de achar novas interpretações.
Camila não chora com romances nem se comove facilmente. Mas atrás dos muros de seu castelo ela ainda aguarda seu príncipe encantado. Camila... é "simples" assim. Romântica... e contraditória. Não dá declarações de amor e nem sai distribuindo carinhos por aí. Não me faz falta, porque, de fato, não há falta alguma. Eles estão lá, explícitos nas entrelinhas... Já o meu amor não pede licença nem disfarces, é mal educado mesmo: TE AMO, AMIGA!!!!!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Saudades



Numa viagem de carro, uma viagem ao passado...
Sabe quando se é pequeno e as coisas ao redor parecem tão grandes e bonitas, mas aí se cresce e passamos a vê-las menores, ou do tamanho que são?
Numa viagem para visitar parentes, o encontro com lembranças da infância...
Tudo de certa forma é igual e estranho. Os móveis não mudaram muito, a cidade sofreu algumas mudanças, as pessoas envelheceram, mas tudo tem um jeito de despertar a memória. O passeio pelo mercado no domingo: tem que comprar chuvisco e polvilho! Já se andou por aquela rua, já se viu aquela praça.
E olhando as feições de alguém se reconhece traços de outra pessoa. Um olhar, um sorriso, o jeito de rir...
Não se sabia que um lugar podia carregar tanta lembrança de alguém que nem morou ali, que também só esteve ali de passagem. Mas estiveram ali juntos.
Sabia que dá para sentir saudade olhando um desconhecido na rua?
Basta um detalhe que se pareça com quem já não está.
Saudade do que apenas se sonhou viver...
Tem tanto jeito de sentir saudade!
Saudade que fica calada no peito fingindo que não existe só porque sabe que não dá pra passar.
Saudade que às vezes estoura do nada e fica difícil até respirar.
Saudade que acompanha todos os dias e que se mistura com o resto da vida, pois já ganhou o seu lugar.
Saudade que não se contenta enquanto não for resolvida, que grita, exige atenção, é suicida e pede pra alguém matá-la de uma vez.
Saudade faminta que implora por migalhas quaisquer que sejam: uma foto, uma voz, um perfume.
Saudade que não se contenta com pouco e que só se daria por satisfeita se conseguisse um abraço apertado, um colo aconchegante ou um cafuné.
Tem um monte de tipos de saudade, mas acho que só um jeito de fazê-la acabar. É a presença de quem se sente falta, é estar com quem por quem se espera.
Às vezes dá para fazer isso. Dá para pegar o telefone e dizer: “Oi, estou com saudade, vamos nos ver”. Nesses tempos de Internet, orkut e cia, dá para mandar um e-mail, um scrap, ou seja lá o que for, pedindo pela presença, marcando um encontro.
Mas às vezes nada disso é possível, não se pode ter aqueles por quem se anseia. Talvez a distância seja grande, talvez a vida seja outra, ou talvez a pessoa não esteja mais aqui.
São essas as saudades mais poderosas, mais insistentes e as que menos deixam possibilidade de resposta. Então se tornam companheiras, nos seguem pela vida. Vão tecendo nossas lembranças. Ganham um canto no peito. Não atrapalham a vida, depois de um tempo não doem, não fazem sofrer, mas estão sempre lá, pois são feitas de carinho, de amor, gratidão, felicidade, tudo que houve de bom.
São só saudade...

28/07/2010

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Às Meninas



Esses dias o passado bateu em minha porta
Chegou com a pose para uma foto
De novo fomos seis mais um

Enquanto caminhava até o altar a noiva levava consigo o futuro
Naqueles instantes que marcavam o presente
Ouvi então os ecos dos planos que encheram nosso passado

Já escrevi sobre o desejo de desfazer nossas brigas
Contei como nossos rumos se separaram
Quando a confiança se trincou

Os planos não saíram exatamente como almejávamos
Nossos caminhos por esses tempos se cruzaram e se afastaram
É possível ouvir o silêncio desses espaços

Foi preciso uma grande surpresa em forma tão pequenina
Com suas mãozinhas e sorrisos gostosos
Para nos chamar de volta

Foi preciso um evento tirado dos sonhos guardados nas gavetas
Um elo invisível nos mantendo juntas sem nem mesmo sabermos
Um fio nos ligando sem nos amarrar

Ela nos olhando enquanto atravessa a igreja ao encontro dele
A pista de dança transformada em ponto de encontro
O bebê dormindo no carrinho enquanto a mãe dança de salto

As coisas mudaram e jamais serão como antes
Não dá pra dizer o que Vem pela frente
Descobri que prefiro viver a imaginar

As meninas agora são mulheres
Mãe, esposas, solteiras
Estudando, se formando, trabalhando

A gente cresceu, virou gente grade
Algumas coisas mudam e outras nunca mudarão
Acho que vai ser sempre assim

Fazia tempo que não escrevia, talvez esteja enferrujada
Queria dizer que senti saudade de nós
Agora estou aqui sem saber como de terminar

Então de novo as lembras transbordam
Talvez não seja mesmo preciso terminar
Porque espero que essa não seja o fim.

02/02/09

As avessas



Sabe quando você vê que o mundo está de cabeça pra baixo?
Quando você se senta em uma rede, na varanda da casa de duas de suas amigas de infância, vendo o filho de uma terceira correr pela sala, tropeçando no tapete e dizendo suas primeiras palavras, enquanto o marido dela lancha por perto...
Não é só porque você achava que essa amiga nunca daria certo como mãe e esposa, nem porque a dupla que você imaginava morando junto não era bem essa ou porque você não esperava nunca estar ali assistindo a tudo isso.
Não é porque os planos não saíram exatamente como se queria, ou nem se realizaram. Nem porque um monte de surpresas e inesperados vive acontecendo.
Também não é porque tudo mudou, mas ainda assim, de um jeito inexplicável, algumas coisas continuam as mesmas.
Sabe quando você vê que o mundo está de cabeça pra baixo?
Ao pensar nessas coisas todas, você se sente imensamente feliz...
Nem tudo é da maneira desejada, tem um montão de coisas que precisam acontecer, mudar ou seja lá o que for...
Mas isso não importa!
É bom estar ali, naquela rede, não só assistindo a uma cena, mas participando...
É nessa hora que você percebe que o mundo está de cabeça pra baixo, e só pode pensar que não há jeito melhor pra ele estar!!!

5 de setembro de 2009

sábado, 24 de julho de 2010

A entrevista



A gente se forma e faz o que depois?
"Trabalha", é o que os outros dizem. Mas não é tão simples assim, tem outras coisas que se quer e tal. Pra tentar dar conta de tudo, resolvo que vou procurar um emprego que me permita continar fazendo outras coisas, assim tenho algum dinheiro e continuo com minha formação.
Me increvi então para vagar em telemarketing, nunca me imaginei fazendo isso, mas são só seis horas por dia e tal. No dia seguinte que me inscrevo sou chamada para uma entrevista. Fui, né? Vamos ver qual é.
Chego lá, já tem um monte de gente. Logo nos chamam e nos mandam entrar em uma sala. Umas sessenta pessoas tem que se entulhar praticamente dentro de uma sala um tanto pequena. Ok.
A mulher que está fazendo a entrevista, que trabalha na consultoria que organiza a seleção nem ao menos se preocupa em dar "Bom dia". Mal começamos a tentar caber na sala ela já está falando, ou melhor gritando, ordens. Ok.
Não tem lugar para todos sentarem, então acabo ficando de pé e bem na frente de todo mundo, ótimo!!!!
A mulher já vai olhando pra algumas pessoas e reconhecendo de outras entrevistas, diz que elas não podem participar. Com isso algumas pessoas vão embora e acaba sobrando uma cadeira pra mim, bem ao lado da entrevistadora.
Fico lá sentada, ouvindo e pensando: o que eu estou fazendo aqui? Fiz uma escolha, passei cinco anos na faculdade para me preparar para a profissão que escolhi e acabo numa entrevista pra algo que não tem nada a ver?
Velhas dúvidas aparecem. Será que vou conseguir trabalhar com psicologia? Ainda mais com a clínica? E o que eu aprendi na UFF, vai acabar se perdendo nesse mundo tão diferente dos nossos anos "uffianos"?
Sentada lá começo a prestar atenção na postura da entrevistadora, na situação toda da entrevista. Não entendo nada de RH, não foi algo que me interessasse durante minha formção, mas começo a questionar se é assim mesmo? É preciso falar com as pessoas como se elas fossem inferiores? É uma situação super estressante, será que não dá pra ter um pouco de educação, ou até gentileza? É assim mesmo, entulhar um monte de gente numa sala minúscula?
Que tipo de formação a entrevistadora tinha? Quais as exigências da empresa onde ela trabalha e da empresa pra quem eles fazem consultoria? Eles deram condições para uma entrevista diferente?
E as pessas que comparecem a essas entrevistas, já estão tão acostumadas com isso que não estranham mais? Dá pra questionar isso quando se precisa arrumar um emprego? Como será que elas se sentem sendo tratadas dessa maneira? Dispensadas de qualquer jeito porque não se encaixam nos padrões que nem ao menos ficam claros quais são?
Quando entrávamos na sala uma menina do meu lada começou a falar de como estava nervosa, da dificuldade dela de até respirar quando se sente assim. Não a conhecia, provavelmente nunca mais vou vê-la, mas tentei acolher seu nervosismo ao menos com um sorriso que demonstrasse que eu estava ouvindo.
Quando saí da entrevista fiquei pensando nisso tudo. Comecei a perceber que minha formação está mais presente do que eu imagino. A clínica está presente mais do que imagino. Fiquei feliz. Uma entrevista que não deu certo, acabou me mostrando que aprendi nesses anos todos, que mais do que uma profissão tenho referências para a vida e isso foi bom.
Então que venham outras entrevistas...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Um sopro de mim


Porque é tão difícil escrever?
São tantas as palavras que se oferecem,
Mas como fazê-las decifrarem os mistérios
Que se escondem dentro de mim?
Como fazer do lápis voz para o silencio
Que ecoa nos cantos da alma?
Enxurrada pronta pra arrebentar uma represa,
Vendaval que anuncia tempestade.
Não sei dizer de mim
Mais do que me permito mostrar.
Temo e anseio por alguém
Que no rio caudaloso da minha vida
Nade contra a correnteza,
Que se ofereça ao mergulho profundo.
As cavernas ocultam segredo
O vulcão que explode no meu peito,
Porque não adormece e me deixa descansar?
Não sei usar os termos certos
Pra mostrar o que cisma em escapar de mim.
Como falar do não dito?
Dá pra explicar o que não se vê,
Mas se sente a cada respiração,
Na garganta que seca de repente,
No tremor do encontro de um olhar?
Não sei se escrevo sobre minhas dores
Ou sobre os sonhos sempre de plantão.
Não sei se digo dos amores
Que nem vem, nem se vão.
Traços rabiscados numa folha
Rimas forçada, perdidas e achadas
No silêncio de uma noite,
Um momento apenas.Um pouco de mim em linhas incertas.

Vento



Quando é que o vento é mais vento?
Quando é vendaval ou quando é brisa de verão?
Ao cantar quando esbarrar nas folhas das árvores ou
Ao encontrar as pás dos moinhos e dar-lhes força para mover as águas?
Quando me torno mais eu?
Ao dizer o que penso sem medir as palavras
Ou ao ficar calada ouvindo confidências de amigos?
Quando coloco em mal traçadas linhas meus sentimentos
Ou ao sonhar com moinhos que recebam meu vento?
O vento é vento seja na tempestade ou no sopro do entardecer.
O mesmo que assobia é o que movimenta.
Vento que vem não sei de onde e se espalha por muitos lugares.
Tem muitos rumos, nenhum pouso e se aprisionado
Morre.
É mais fácil falar do vento do que de quem sou ou quando sou.Às vezes me sinto vento...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

sábado, 17 de julho de 2010

Conversando com Cecília



"Ou isto ou aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa estar
ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo, ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinque, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo." (Cecília Meireles)






A poetisa já dizia que na vida
Ou é isto ou aquilo.
Não consigo decidir se isto ou aquilo...
Mas é preciso decidir pelo ou?
Ando preferindo viver o e...
Quero tomar banho de chuva em um dia de sol
E não me importa quem seja a viúva a casar...
Qual o mal de se usar os anéis por cima da luva
Só pra brincar?
Minha cabeça voa enquanto meus pés ficam no chão...
Sinto-me em dois lugares sem duvidar.
E ainda que não esteja em dois lugares,
Nada me impede de estar no limiar...
Posso comprar o doce e guardar o dinheiro que sobrar...
Brinco, estudo, corro e descanso.
Vou vivendo e vivendo e vivendo...
Não estou brigando com as decisões,
É só um elogio ao que me permite adicionar
Ao invés de perder...
Com o tempo a gente vai aprendendo que pode ser
Isto e aquilo e aquilo e também aquele outro....

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Usando Clarisse



"Eu queria escreve luxuoso. Usar palavras que rebrilhassem molhadas e fossem peregrinas. Às vezes solenes em púpura, às vezes abismais esmeraldas, às vezes leves na mais fina seda macia rendilhada."